Com mais acesso à informação, um movimento voltado aos cuidados no pós-parto ganha força ao considerar o aleitamento materno de grande importância desde o nascimento do bebê até, ao menos, os primeiros seis meses de vida. Estudos científicos comprovam que a amamentação faz bem não só para a saúde da criança mas também da mãe. E, sempre que houver oportunidade, deve ser incentivada.



Ciente dessa necessidade de conscientização, a coordenadora da Unidade Básica de Saúde (UBS) Santo Afonso, a enfermeira Caroline Tejada, idealizou e colocou em prática o projeto De Peito Aberto. A iniciativa tem como finalidade ajudar as mães do território na pegada correta da mama, além de contribuir para que sejam superados mitos, tabus e outros obstáculos que uma parcela das puérperas encontra nas primeiras tentativas de oferecer o peito.



Na UBS Santo Afonso, mamães e bebês que vêm para o agendado atendimento puerperal, entre 7 e 10 dias de vida da criança, são acolhidos dentro dessa proposta multiprofissional. “A mãe chega para a consulta pediátrica e a médica, na metade do tempo, chama a enfermeira para que seja feita uma avaliação”, explica Caroline Tejada. “Eu avalio o bebê, seu peso, a sucção nos seios da mãe, se a lactante sofre de retração do mamilo”, explica a coordenadora.



O termo puerperal, no caso específico, refere-se à consulta realizada no pós-parto, com a finalidade de concluir a assistência obstétrica. O primeiro passo está em se oferecer a escuta dessa mãe para saber se existe, por exemplo, algum fator diminuindo a produção do leite ou se há um quadro de estresse resultante de muita pressão externa que venha a impedir a naturalidade sobre o processo.



Fatores como ingurgitamento mamário, que se refere ao acúmulo de leite nas mamas e com atenção especial à época da apojadura, normalmente na primeira semana após o parto, são algumas das questões que merecem a atenção dos profissionais da Saúde na UBS. Tudo para se evitar transtornos e desconfortos que podem desestimular a oferta do leite materno ao recém-nascido, como fissuras nos mamilos e mastites.



Ainda, durante a mesma consulta, entram em cena outros profissionais da unidade, como o cirurgião-dentista Vinícius Maliszewski Paczkowski, que também é responsável pelo acompanhamento desde o pré-natal odontológico, assim como ocorre toda uma atenção nutricional em relação à gestante. Afinal, como diz um cartaz afixado na UBS do bairro Santo Afonso, “a saúde do bebê começa pela boca da mãe”.

De acordo com o Dr. Vinícius, uma primeira consulta de odonto com o bebê também é realizada, para verificar se há alguma alteração, seja de freio labial ou freio lingual. “E passar todas as orientações pra mãe sobre higiene bucal, como começar e como realizar, a erupção dos primeiros dentes que começa em torno dos seis meses de idade”, esclarece o odontólogo. “Também em relação aos hábitos, como o uso de chupeta e mamadeira, mais a questão da dieta, tudo isso faz parte da consulta.”



A paciente Ana Paula Belém da Conceição, 27 anos, mãe da Emanuelle, nascida em meados de junho, sente agora uma mistura de alívio e alegria com o ganho de peso da filha. “Eu estava bem desorientada em questão de amamentação, mas procurei ajuda aqui na unidade e agora estou conseguindo dar o peito”, comemora.



Depois das orientações dadas quatro dias antes desta reportagem e durante uma consulta, a pequena Emanuelle adquiriu mais cem gramas de peso, como conta a mãe. “Agora estou conseguindo amamentar, fiquei bem feliz e agradeço a toda equipe da UBS Santo Afonso que me ajudou muito”, diz Ana Paula, emocionada, enquanto oferece o peito em livre demanda para a filha.



As orientações sobre aleitamento materno são dadas nas demais unidades de saúde pública de Novo Hamburgo, motivando o avanço do projeto.