Concerto final do FeMusik lota Teatro Feevale

Linha de apoio
A obra Carmina Burana, de Carl Orff, marcou o fim da primeira edição do Festival
Publicado em 31/07/2023 - Editado em 15/10/2024 - 10:45
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Encerramento do I Festival Internacional de Música de Novo Hamburgo contou com mais de 250 artistas no palco entre 170 vozes dos coros
Crédito
Victor Lucas/Secult NH

O relógio ainda não havia marcado 19 horas quando o público começou a chegar ansioso para ocupar a plateia do Tetro Feevale no último domingo, dia 30. Dias antes do espetáculo, os ingressos já haviam esgotado. A obra Carmina Burana, de Carl Orff, já foi executada milhares de vezes pelo mundo todo, mas para quem esteve no Teatro naquela noite, a impressão era de que a versão apresentada no I Festival de Música de Novo Hamburgo (FeMusik) foi a melhor de todas.

O palco ficou pequeno para a grandiosidade do evento: mais de 250 artistas, entre 170 vozes dos coros da UFRGS, da PUCRS e Madrigal Presto (São Leopoldo), e o coro, a Orquestra Sinfônica e solistas do próprio FeMusik. Em cerca de uma hora e meia de apresentação ininterrupta, o que se via era um público atento, comovido e que não tirava os olhos do que acontecia no palco, acompanhando cada detalhe da energia emanada pelo corpo do Maestro Linus Lerner, das mãos dos musicistas que deslizavam pelos instrumentos em movimentos delicados, e da potência do conjunto de vozes dos coros e da emoção trazida pela voz dramática dos solistas. A noite chegou a deixar a plateia a beira das lágrimas com apresentações que impressionaram até aqueles que não costumam ouvir música clássica.

A programação começou com a Orquestra Sinfônica do I FeMusik apresentando a Ópera Tannhäuser, de Richard Wagner, seguida do Concerto para Violino e Orquestra, de Max Bruch, com participação do solista, o violinista coreano Edwin So Kim, também professor do Festival, que impressionou a todas as pessoas presentes com a sua performance.

Este foi um momento marcante, pois logo após iniciar o seu solo, So Kim perdeu uma das cordas do violino e em questão de segundos abandonou o seu instrumento, virou para o lado recebendo das mãos de um dos integrantes da Orquestra outro violino, com o qual continuou naturalmente sua apresentação impecável. A música não parou por nenhum instante.

Após as duas primeiras obras apresentadas, a expectativa do público, que já estava nos céus, foi superada quando se juntaram à Orquestra Sinfônica do I FeMusik, as 170 vozes dos coros do I FeMusik, da UFRGS, da PUCRS e Madrigal Presto para executar lindamente Carmina Burana. O famoso início impactante foi gravado por centenas de pessoas e reproduzido intensamente nas redes sociais. “Essa é a celebração de um grande festival que nasce graças ao trabalho de tanta gente. É um sonho realizado e, como muita gente já está dizendo, um dos melhores, se não o melhor Festival do Brasil, porque a gente tem toda a estrutura para o sucesso”, comentou o diretor Artístico, Maestro Linus Lerner, ao abrir a noite no palco do Teatro Feevale.

Mas a noite não acabou por aí. Após o encerramento de Carmina Burana, o público foi convidado a se encaminhar para o Foyer do Teatro, onde a Big Band do Festival já estava a postos esperando por todos para mais um espetáculo. Com muita animação, a banda tocou desde jazz, frevo até forró, e colocou todo mundo para dançar, até mesmo o Maestro Linus Lerner, a prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, e o secretário da Cultura, Ralfe Cardoso, além das alunas e alunos e organização do Festival, que aproveitaram o momento para comemorar o sucesso desta primeira edição.

“Eu queria agradecer especialmente porque o investimento em cultura no Brasil ele deve ser cada vez maior, a gente tem que dar os parabéns pra prefeitura de Novo Hamburgo, na prefeitura da prefeita Fátima Daudt, pro secretário da cultura Ralfe Cardoso porque a prefeita e o Ralfe acreditam que a cultura tem um poder transformador.”, ressaltou o coordenador geral e artístico do festival, Gustavo Muller.

“Foram 12 estados brasileiros, mais 6 países e muitas cidades aqui da região. A gente ouviu que este festival veio pra ficar e isso a gente sabia, mas que ele estava emparelhado no andar de cima com os principais festivais de música do país, isto surpreende um pouco e ao mesmo tempo estabelece um desafio que esta régua não baixa mais. Novo Hamburgo tem uma orquestra com 71 anos que é patrimônio imaterial da nossa cidade, que é composta por músicos, homens e mulheres de extrema habilidade e profissionalismo. Nós recebemos essa moçada aqui do país inteiro, gente que nos tocou de uma forma que não nos deixa mais parecidos sequer com quem nós éramos antes e só tenho a agradecer a confiança deles”, desabafou o secretário da cultura Ralfe Cardoso.

A primeira edição do Festival começou grande, rendendo elogios não só dos professores e inscritos, como também da comunidade, e aumenta a expectativa para a edição do próximo ano. Cibele Bartz Rodrigues, 21 anos, é estudante de violino e toca na Orquestra da UFRGS, ela e a família vieram de Canoas para participar do I FeMusik. “O festival é muito bom, muito grande. Os professores, os colegas, os espaços. Eu toco violino. Eu já tinha me apresentado outras vezes em outros lugares, lá no Teatro Municipal. Fiquei muito feliz com a experiência de chefiar o naipe dos segundos violinos. Foi uma experiência muito boa para mim, de enriquecer e de saber liderar e saber como guiar”. Ela assistiu Carmina Burana acompanhada dos pais. “Viva o músico brasileiro! Viva a cultura que abrange os nossos jovens. Tá aqui minha filha negra de periferia e está alcançando os objetivos dela na área da música. Então eu sou muito grata, muito grata. Ela se apresentou, foi maravilhoso, eu me emocionei, foi lindo demais. E hoje também não foi diferente. Foi único. Eu passava aqui na frente desse teatro e eu dizia “um dia eu quero entrar nesse teatro.” Só que eu não sabia que seria pelas vias da minha filha. E eu agradeço muito, muito obrigado FeMusik”, exclamou a mãe Cleonice Bartz Rodrigues, 56 anos. O pai de Cibele, Volnei Teixeira Rodrigues, 52 anos, também lembrou que essa foi a primeira vez que a família esteve no Teatro Feevale. “Hoje foi a primeira vez que a gente entrou aqui, a gente sempre almejou participar de algum evento aqui dentro, e hoje foi muito impactante. Em Novo Hamburgo vê-se enfatizar mais a cultura, dar chance para quem não é ou não tem condições de estudar música que desperta e encanta nas crianças e é muito bom.”

A projeção de um evento grandioso para 2024 já antecipa a apresentação da Nona Sinfonia de Beethoven, momento em que a obra completa 200 anos. Este foi um momento que vai ficar para a história do Teatro, de Novo Hamburgo e que marcou lindamente a estreia deste Festival que está só começando sua trajetória na cidade. “Nós estamos hoje no encerramento do nosso I Festival de Música e quero que todos vocês lembrem que ano que vem estaremos aqui novamente com mais um Festival melhor ainda. Então, vida-longa ao FeMusik e que continuemos valorizando a arte a cultura do nosso país”, expressou com convicção a prefeita Fátima Daudt.