Atenção psicossocial faz parte dos cuidados a mulheres no pós-parto

Linha de apoio
Profissionais de Psicologia e Assistência Social do HMNH ajudam mães na UTI Neonatal a lidar com a experiência da maternidade
Publicado em 04/06/2021 - Editado em 15/10/2024 - 10:53
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Na Materno-Infantil, Mara amamenta Bernardo e se fortalecem os vínculos entre mãe e filho
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Karina Moraes/FSNH

O sonho do parto, momento idealizado por muitas mães, pode ter um despertar bem antes do tempo previsto. O impacto emocional de circunstâncias assim, como o nascimento de um filho sem se completar o ciclo de nove meses, faz com que mães sintam uma mistura de sentimentos. Frustração, tristeza, raiva e até uma culpa injustificada costumam surgir nesses casos. São emoções que precisam ser trabalhadas com o apoio de uma equipe multiprofissional, que envolve Enfermagem, Psicologia e Serviço Social.



Se os primeiros três meses de vida do bebê já são um grande desafio, com mudanças hormonais e nova rotina de vida, imagine no caso de um bebê prematuro que está passando esse primeiro período de adaptação no ambiente hospitalar.



Que o diga a auxiliar de serviços gerais Mara Andréia Holz, 36 anos, mãe do “guerreiro Bernardo”, como ela gosta de frisar no dia a dia. O seu terceiro filho nasceu em 4 de março, pesando 960g, e já está com 2,916kg depois de quase 90 dias de internação. O pleno desenvolvimento da criança tem sido garantido por sua presença constante, quando entrega doses generosas de amor a cada encontro entre eles.



O bebê de Mara teve ótima recuperação pós-cirurgia ocular, inclusive, e um significativo ganho de peso graças ao aleitamento materno, o que pressupõe alta hospitalar muito em breve. “Foi um choque ver o Bernardo no primeiro dia”, relata a mãe. Ela conta que chegou a desmaiar, tamanho o nervosismo diante dos novos e inesperados acontecimentos. Mas, segundo ela, o atendimento “das meninas” é excelente, referindo-se à dupla formada por psicóloga e assistente social que acompanham o seu caso. “Elas me conhecem, notam quando estou diferente e precisando de uma conversa”, conta. “Mas hoje está tudo bem e estamos aí, na luta, com um pé pertinho da porta do hospital.”



De acordo com a coordenadora do Setor Materno-Infantil do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH), Daniela Rech, a UTI Neonatal conta com o serviço de Psicologia e Assistência Social em todos os turnos. “Considero esse atendimento essencial para que se trabalhe, junto com as mães e seus bebês, o apego, o afeto, a questão da amamentação e tudo o que envolve o vínculo afetivo”, destaca.



Para se fortalecer emocionalmente, preservando a ligação com o recém-nascido e o restante da família, o que pode incluir outros filhos, entram em cena esses profissionais especializados da FSNH e todo seu conhecimento técnico para lidar com as mais diferentes situações.



Conforme a psicóloga Rafaela Peruchi, a ideia para os pais que têm seus filhos internados na UTI Neonatal é realizar o devido acolhimento e trazer o lugar de escuta desde a internação. “Damos espaço para ouvir essas mães e esses pais, que estão passando por um momento um pouco diferente do planejado durante a gestação”, acrescenta. “É uma mudança imediata que ocorre e exige de toda a família uma readaptação a essa nova realidade em torno de um bebê real e não o bebê imaginado, idealizado.”



Para complementar o trabalho, a assistente social Denise Soares explica que a sua área é demandada por meio de consultorias prestadas pelo setor ou quando a equipe médica e de enfermagem sinaliza a necessidade de um olhar mais social para a história de determinada família. “Considero que o atendimento se mostra mais enriquecedor quando é multiprofissional ao se fazer o acolhimento, junto da equipe da Neonatal, dessa família que está em uma situação de vulnerabilidade”, observa.



O objetivo é trabalhar a autoestima da mãe, a amamentação, a afetividade com a criança e a resiliência diante dos fatos para evitar que se aprofunde o medo, a decepção, a insegurança e se instale a depressão pós-parto. A linha é mesmo tênue, por isso é necessária a atenção psicossocial como apoio a todo o processo.



A coordenadora de Saúde Mental do Hospital Municipal de Novo Hamburgo, Dorothea Thobe, detalha a estrutura de seu setor. “Nós temos uma psicóloga e um psiquiatra no atendimento à demanda das consultorias clínicas, uma psicóloga e uma assistente social no acompanhamento da materno-infantil e o restante da equipe presta suporte às internações”, completa.

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