Leptospirose: chuva forte e a relação com roedores

O grande volume de chuva registrado no mês de setembro traz, além preocupação com as enchentes e os transtornos pelo acúmulo de água, o risco de transmissão de uma doença: a leptospirose.
Causada pela bactéria Leptospira interrogans, a leptospirose é uma zoonose, uma doença transmitida de animais para os seres humanos, mas que também pode ser contraída por outros mamíferos, como cães e gatos.
A principal forma de transmissão é o contato com a urina de roedores contaminados, principalmente ratos urbanos, como camundongos e ratazanas, que se mistura ao esgoto, às águas da chuva, enxurradas e lama de enchentes. A Leptospira penetra no corpo através do contato com a pele e/ou mucosas. Durante os períodos mais chuvosos e de enchentes, o risco de contaminação aumenta devido à maior exposição a águas contaminadas com a bactéria.
Febre alta, dor de cabeça, dor muscular, principalmente nas panturrilhas, falta de apetite, náusea e vômito são alguns dos sintomas comumente relatados pelos pacientes. Ao buscar atendimento em um estabelecimento de saúde, é importante mencionar o histórico de situações de risco para a leptospirose nos últimos 30 dias, como contato com águas de enchentes, inundações, enxurradas, lama, arroios, lagos, lagoas, rios, entre outros, e com áreas onde há presença de roedores. Não há vacina para a leptospirose, mas a doença possui tratamento. Se não for tratada a tempo, pode evoluir rapidamente, inclusive levando o paciente a óbito.
Em 2022, foram confirmados três casos de leptospirose em Novo Hamburgo. Neste ano, já são cinco casos confirmados, sendo que três deles estão relacionados com a enchente do mês de junho.
“Nos últimos dias, estamos acompanhando a intensificação da chuva e os casos de enchentes em diversas cidades do Estado. Por isso, devemos manter os cuidados e seguir as dicas de prevenção para não registramos mais casos”, alerta a gerente em Vigilância em Saúde, Débora Spessato Bassani.
Confira as dicas de cuidados da Vigilância em Saúde:
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Quando for necessário passar por alguma área de enchente ou mesmo para fazer a limpeza após uma inundação, deve-se evitar o contato direto com essas águas e lamas, devendo utilizar sacos plásticos nos pés, usar botas de borracha e/ou luvas de borracha;
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O lixo doméstico deve ser colocado do lado de fora de casa, em local alto, pouco antes do caminhão de coleta passar;
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Buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser vedados. Quintais, terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos sem entulhos e outros objetos;
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À noite, objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados;
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Terrenos baldios devem ser mantidos limpos e sem lixo;
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Caixas água devem ser mantidas limpas e tampadas e os canos com aparas que impeçam a subida dos ratos ao reservatório;
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Chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e água sanitária (1 copo de água sanitária para 1 balde de 20 litros de água);
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Todos os alimentos e remédios que tiverem contato com as águas das enchentes devem ser descartados. Se a caixa d'água foi invadida, evitar o uso desta água antes da desinfecção do reservatório;
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Se possível, cobrir cortes ou arranhões com bandagens à prova d´água.