Parece consenso dizer que para cuidar de alguém é necessário se cuidar primeiro. Mas, na realidade, nem sempre tal entendimento está na regra do dia. O cuidador deve inspirar confiança, passar positividade, mas não se pode deixar de considerar o desgaste físico e emocional de quem se responsabiliza por doar seu tempo, muitas vezes quase integral, para se dedicar à proteção de algum parente ou outra pessoa próxima. O trabalho em assistência social e saúde impõe aos profissionais técnicos uma rotina carregada de alto nível de tensão e estresse, o que envolve toda a equipe, e o que se dirá do trabalho do cuidador dentro de seu próprio lar, cercado de atribuições de toda ordem?

Pensando nas questões em torno de quem cuida em casa de idosos e Pessoas com Deficiência (PCDs), normalmente com algum grau de parentesco, a coordenadora da Unidade de Referência de Assistência Social (URAS) Lomba Grande, Carla Fernanda Moehlecke Jacobsen, realizou na tarde de quinta-feira, dia 25, um círculo de diálogo com usuários dos serviços que se encaixam no perfil em foco.

Na roda, a pauta foi a Rede de apoio ao familiar cuidador de quem recebe ou não o Benefício de Prestação Continuada (BPC). “Trabalhamos a temática na quarta quinta-feira do mês, com espaço para a interação e o diálogo dos cuidadores que participam dos encontros”, destaca Carla. E ela ainda indaga ao grupo: “Afinal, quem vai prestar atenção e proteger a gente quando quem cuida acaba adoecendo?”.

A ação teve como mediador o psicólogo do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Centro, Christian Svoboda, que chegou pilchado ao território rural do Município. Mestre em diversidade cultural e inclusão social pela Universidade Feevale, ele se propôs a apresentar aos participantes a rede de apoio existente em Novo Hamburgo e que inclui os Centros e as Unidades de Assistência social (CRAS e URAS).

Entre diversas dinâmicas trazidas aos usuários dos serviços da URAS Lomba Grande, ele aplicou o teste da estrela de cinco pontas como ferramenta gráfica para que cada um analisasse o seu estilo de vida, ao pintar as áreas do desenho que correspondiam a nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamento social e controle de estresse. Ao fim da atividade, o participante tinha a sua frente um quadro nítido do que precisaria melhorar para aumentar o seu bem-estar e qualidade de vida. “A chave está no autoconhecimento”, sublinhou Christian. “E no fato de se reconhecer a necessidade de ajuda e de se buscar, a partir daí, o acolhimento de profissionais e a rede de serviços que possam dar o necessário suporte ao cuidador”, concluiu o psicólogo.

Ainda na sequência da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que vai de 21 a 28 de agosto, a URAS Lomba Grande (Rua João Aloysio Algayer, 1.238) irá promover um novo encontro voltado ao cuidador familiar em 29 de agosto exclusivamente para usuários dos serviços no território.