Captação de órgãos ainda é baixa em todo o Brasil

No primeiro semestre deste ano, 15.593 pacientes (619 crianças) ingressaram na lista de espera por transplante no Brasil, sendo que 1286 morreram (23 crianças) antes de conseguir o procedimento, conforme o Registro Brasileiro de Transplantes, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). No Rio Grande do Sul, foram 1.094 ingressos (57 crianças) e 74 óbitos (6 crianças) neste período. Os números ressaltam a importância do 27 de setembro, Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. De 2017 até o nono mês deste ano, foram feitas quatro captações de órgãos no Hospital Municipal de Novo Hamburgo, sendo a última no dia 25 deste mês.
Apesar de o País ter o maior índice de aprovação do mundo à doação de órgãos e ser considerado referência mundial em transplantes, o número de doações é baixo. “A conscientização da população sobre este tema ainda tem muito o que melhorar. Sempre falo que doar é um gesto de amor. E, neste caso, a atitude é mais grandiosa, pois ajudará pessoas que esperam uma oportunidade para sobreviver”, afirma o presidente da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), Rafaga Nunes Fontoura.
PROTOCOLOS - O Hospital Municipal segue todos os protocolos para doação de órgãos. Após o diagnóstico e declaração de morte encefálica, é feito contato com a OPOS - Organizações de Procura de Órgãos, que enviará uma equipe multidisciplinar para refazer todos os exames clínicos e por imagem (eletroencefalograma) para a reconfirmação do quadro clínico, da compatibilidade dos órgãos e sensibilização da família para doação. Feita a captação caberá a Central Estadual de Transplantes definir o receptor.
Hoje, milhares de vidas dependem da consciência de familiares que perderam entes queridos. Porém é a recusa é o maior empecilho para os números das doações aumentarem. Segundo informações do Ministério da Saúde, a cada dez pessoas abordadas, quatro se negam a doar os órgãos de seus familiares. Por isso, é importante que a família fique sabendo do desejo do parente em doar os órgãos e salvar vidas.
Desde 2016, o HMNH tem instalado a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). “Esta comissão está em fase de reestruturação e queremos dar atenção especial à capacitação dos membros da Comissão, assim como desenvolver ações e campanhas de esclarecimentos para tornar as doações de órgãos mais efetivas”, comenta o presidente da FSNH. Além disso, Novo Hamburgo também possui leis que incentivam a doação de órgãos.
Quem pode doar?
A doação de órgãos ou tecidos pode ser realizada em vida ou morte. Em vida, é possível doar um dos rins, parte do fígado, do pulmão ou a medula óssea, desde que a medida não coloque em risco a saúde do doador. Neste caso, a legislação só permite a doação para parentes até quarto grau e cônjuges. Caso contrário, somente com autorização judicial.
Quando o doador é falecido, a família pode autorizar a doação de coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões.
Como funciona a Lista de Espera?
Toda vez que ocorre uma doação no Estado, a Central Estadual de Transplantes gera uma lista de receptores compatíveis com o doador em questão. Quando não existem receptores compatíveis dentro do Estado ou quando neste estado não se realiza a modalidade de transplante referente ao órgão doado, a Central Estadual de Transplantes oferta o órgão para a Central Nacional de Transplantes (CNT-MS).
A posição na lista de espera é definida por critérios técnicos de compatibilidade entre o par doador-receptor (tais como a compatibilidade sanguínea, antropométrica, gravidade do quadro e tempo de espera em lista do receptor). Para alguns tipos de transplantes, é exigida ainda a compatibilidade genética.